quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Rastro invertido


Caminhava sozinha e à medida que me distanciava,


sentia que o vento que me desmanchara os cabelos,agora, era quente...


teimosamente quente.


Olhava para trás,


percebia que meu rastro estava invertido.


Mas eu caminhava para frente, como isso seria possível?


Parei, olhei dos lados, percebí então que nunca saí do lugar.


Quando olho para mim não me percebo.


Tenho tanto a mania de sentir


que me extravio às vezes ao sair das próprias sensações que eu recebo.


O ar que respiro, este licor que bebo,


pertencem ao meu modo de existir,


e eu nunca sei como hei de concluir as sensações que a meu pesar concebo.


Nunca propriamente reparei, se na verdade sinto o que sinto.


Eu serei tal qual pareço em mim?


Serei tal qual me julgo verdadeiramente?


Mesmo ante as sensações sou um pouco descrente,


nem sei bem se sou eu quem em mim sente.




*Álvaro de Campos

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Em suas asas...


...Em suas asas...


...O bater das asas de uma borboleta pode causar um tufão do outro lado do
mundo...



As borboletas são carregadas pelo vento...



O bater de suas asas poderiam transformar o tempo



Perca-se a contemplar uma borboleta



Enriqueça sua alma,

o belo muitas vezes, preenche o vazio em nosso coração



Não veja apenas as folhas caídas no chão


Mortas como muitas vezes no sentimos



Perca-se nas asas de uma borboleta



Voe com ela através do vento



permita-se...apenas contemplar...há borboletas!



São elas como versos de um poema


Que ganham vida ao serem relidos e traduzidos




Sempre de formas diferentes!!!

terça-feira, 2 de outubro de 2007

METADES

METADES





Silêncio...


...Deliciosa revelação que o som emudece...

As minhas metades...

...E as suas.


Somos sempre duas metades,

Porque a vida é feita de escolhas!


Somos o sim e o não,

Ainda que haja o talvez...


Somos o amor e a razão,

Embora exista a loucura.


Somos o antes e o agora,

Ainda que estejamos sempre à espera do depois.


Somos luz e escuridão,

Simplesmente porque uma não pode existir sem a outra.


Somos corpo...

Embora a essência esteja na alma.



Somos medo e coragem,

Porque dentro de nós grita o desejo.


Somos vida e morte,

Mesmo que acreditemos na existência de apenas uma de cada vez.


Somos som e silêncio,

ainda que nossas vozes independam deles.


Somos um constante ir e vir,

Porque ainda que estejamos aqui,

estamos também em outros lugares.


Somos dúvida e certeza,

Simplesmente porque ambas são idênticas.


Somos ilusão e realidade...

E em busca de nossas metades.



De nada nos adianta apenas saber,

É preciso sentir!


Porque somente saber,

nada significa quando descobrimos

Que as nossas metades são igualmente sagradas...


...E ambas só podem ser inteiras,

Quando se entregam à inexplicável magia do amor.