AVESSO
lisieux
E tu chegaste,
lisieux
E tu chegaste,
virando o meu mundo pelo avesso,
revertendo o rumo das marés
e fazendo o sol nascer à meia-noite.
Bagunçaste o meu coreto,
abalaste as minhas estruturas,
provocaste um terremoto nas minhas entranhas.
Tu rompeste a barreira do som
e ribombaste em meus ouvidos;
viajaste à velocidade da luz
e chegaste,
centelhas,
aos meus olhos,
iluminando tudo;
E tu chegaste
e modificaste a minha vidinha
repartição-pública,
tornando-a profissional liberal,
sem hora,
senhora do meu nariz,
dona do mundo.
Chegaste furacão,
tufão,
maremoto,
soprando ventos,
agitando ondas,
movendo as placas tectônicas...
E eu,
poeira cósmica,
partícula estelar,
centelha infinitesimal,
zero á esquerda,
saltei espaços,
viajei eras,
atravessei séculos...
e, cá estou,
nos teus braços:
inteira,
refeita,
perfeita...
mulher!
...
...
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